A linha Amarela do Metrô de São Paulo foi parcialmente inaugurada no último dia 25 de maio. Parcialmente porque apenas duas das estações previstas foram entregues – Paulista e Faria Lima. Para o percurso inaugural, saindo da estação Faria Lima, apareceram convidados ilustres, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o prefeito Gilberto Kassab, o governador Alberto Goldman, secretários de Estado, jornalistas e curiosos.
No entanto, faltou alguém nessa solenidade. Faltaram os familiares que representariam as sete pessoas que morreram no desabamento da futura estação Pinheiros, que está sendo construída a poucos metros da Faria Lima. Ocorrido em janeiro de 2007, este foi o maior acidente da história do Metrô. Infelizmente, não foi o único registrado nos últimos anos. Na festa tucana, no entanto, nenhuma palavra, nenhuma consideração aos familiares, como se nada tivesse acontecido.
A expansão do Metrô paulistano resume a forma como o PSDB administra o Estado de São Paulo. Uma obra que avança muito lentamente, superfaturada e atrasada em seu cronograma. Há 15 anos o governo do PSDB vem demonstrando essa incompetência gerencial crônica, aliada ao desperdício do dinheiro público, às denúncias de corrupção e às centenas de contratos suspeitos.
A Linha Amarela foi projetada em 1990 e teve suas obras iniciadas em abril de 2004. A ampliação desse sistema de transporte deveria ter começado a atender a população em 2007, mas, próximo à data estipulada o governo do PSDB, adiou para o final de 2008 e, depois, adiou novamente para 2010. O trecho inaugurado agora é composto por apenas duas estações, que estão funcionando com apenas cinco dos 14 trens previstos em contrato.
Desde meados de 2007, estão em curso investigações internacionais requeridas pela Justiça suíça e francesa, envolvendo as relações da multinacional Alstom com o governo do PSDB. O objeto da investigação é apurar o pagamento de propina a representantes do tucanato, como meio de garantir contratos com o governo paulista. Recentemente, foi divulgado pela imprensa o bloqueio de bens do irmão do presidente do Metrô, por recebimento de R$ 1 milhão em suborno, para a liberação de aditivos contratuais na linha 4. A Alstom forneceu para o metrô toda a infraestrutura para a linha 4, incluindo alimentação de energia, telecomunicação e sistema de controle.
A incompetência gerencial do governo tucano fica clara quando se compara a extensão do Metrô paulistano com o de outros países. Enquanto o metrô de São Paulo possui 62,3 quilômetros de extensão, o metrô da Cidade do México, que começou a ser construído na mesma época que o de São Paulo, tem 201 quilômetros de extensão e o de Santiago, no Chile, conta com 84 quilômetros. Ao longo do governo do PSDB, o metrô de São Paulo registrou baixíssimo crescimento, de apenas 1,4 quilômetro em média por ano.
Já o custo da corrupção no Metrô de São Paulo fica evidenciado quando comparado com o custo de construção do mesmo sistema de transportes, em outros países. Em Madri, por exemplo, o metrô custou R$ 78,5 milhões o quilômetro, enquanto em São Paulo esse valor sobe para R$ 400 milhões por quilômetro, quase cinco vezes mais! São dados oficiais, fornecidos pelo próprio secretário estadual de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, em audiência pública na Assembleia Legislativa.
Por último, além de todo esse descalabro, as novas estações do metrô podem não aliviar a necessidade do paulistano por um meio de transporte mais rápido e eficiente. Dias após a entrada em funcionamento das estações, matéria do jornal Folha de S. Paulo comprova que, para percorrer a distância de 3.600 metros entre as duas estações, ainda é mais rápido ir de ônibus do que de metrô. Seria cômico se não fosse trágico.
Por Antonio Mentor